No Sesc Pompeia, Arte-veículo tornou-se uma exposição que reúne cerca de 200 trabalhos de 47 artistas e grupos na Área de Convivência. Nesse espaço, documentos impressos e registros em vídeo das intervenções são articulados com obras que comentam as mídias em outras linguagens, como instalações, objetos e esculturas. Um programa de performance, conversas e laboratórios dá presença, memória e caráter dialógico para o assunto. Fora do Sesc Pompeia, quatro trabalhos históricos e um inédito são veiculados na mídia atual, de modo a experimentar suas interfaces e públicos.
Grande parte desse repertório carrega o anacronismo dos modelos de comunicação verticais, a partir dos quais poucos emissores alcançavam público massivo. As redes sociais, por sua vez, constituem dinâmicas suspotamente horizontais, mas cada vez mais pautadas por mecanismos ocultos de filtragem. Nelas, os jornalismos concorrem com as fake news (notícias falsas) e as escutas esbarram em uma cacofonia de vozes, propícia para a polarização e o ódio, nem sempre para as interlocuções e o debate.
Os limites impostos pelas estruturas do passado ou do presente levam a crer que é preciso identificar brechas e ocupá-las, no intuito de disputar as narrativas de um imaginário público. Em diferentes épocas, mudam fatores dos contextos e das instituições, mas persistem as estratégias de desvio. Com estes e outros trabalhos ensinam, parte da funçào social da arte deve-se à sua capacidade de perder-se, sair às ruas, duelar, hackear, “ouviver”, ficionalizar e experimentar a linguagem. Esses verbos orientam os sete núcleos de Arte-veículo no Sesc Pompeia.
[texto do catálogo da exposição]